domingo, 10 de abril de 2011

NÃO TEMOS PARA QUEM APELAR

Pedro Esmeraldo


No momento, estamos caminhando sozinhos, ou melhor, quase sozinhos, gritando à toa, sem ressonância no meio do semi-árido, mas gritamos sem medo. Observamos que as autoridades da capital desprezam o Crato e que atualmente é comandada por políticos apáticos e assessores aparvalhados. Eis aí a causa do desgaste político do Crato. Atualmente, encontramos um Crato parado, intumescido, dirigido por alguns políticos pertencentes à nação tupiniquins. Por isso, ninguém se esforça para trabalhar porque o índio não é adaptado para o trabalho, não tem interesse algum de solucionar seus problemas com afeição profunda. 

Já reclamamos por várias vezes, já estamos cansados de gritar e não somos ouvidos. Pedimos que os cratenses deem um basta nesse descaso e criem coragem e venham reclamar, pedindo com humildade aos homens de bem da cidade que trabalhem e resolvam os problemas angustiantes porque não podemos mais esperar. Gritar? Para que gritar se os homens “políticos” fazem vista grossa e não atendem os nossos apelos? Afirmamos: esses homens líderes do Crato não se movimentam e nada querem resolver, principalmente os problemas mais agravantes da cidade. Convém notar, esses homens só praticam (efetuam) política em benefício de si mesmo. Olhamos para todos os lados, não encontramos nenhum contrato de serviço que favoreça melhorar o semblante da cidade, esta cidade sem homem sério e interesseiro pelo seu desenvolvimento. Há deles (homens políticos) que só aparecem por aqui em período eleitoral, com o interesse de apenas obter votos. Após o pleito somem-se daqui, retornando quando no início da campanha do outro pleito eleitoral. Ficam distantes da cidade, pois quem quiser que lute sozinho. 

Daí, como não possuímos representação alguma, os penetras se aproveitam e levam o que de bom “possuímos”. Temos como exemplo: o fechamento do SENAI, SESI e agora o SEBRAE, que se transforma apenas num escritório obscurecido. Tudo aqui está entregue à Deus-dará. Nada vem para ficar, porque seu objetivo é esvaziar o Crato. Não acreditamos mais nesses políticos locais que não sabem dizer outra coisa senão amém. Muitos deles só desejam desarticular o Crato a fim de desorientar o povo que permanece sem energia positiva para enfrentar as agruras dos caminhos ínvios das florestas hostis. Não possuímos prestígio, não conseguimos reagir aos insultos provocados por essa massa ignóbil que nos cobre de injúrias com o objetivo de forçar a barra para afastar o cratense da luta e do trabalho, tentando mudar a face do Crato porque tudo nos negam e nada vem para esta cidade. Perguntamos com insistência: por que lutamos em vão e vivemos sem poder conquistar os nossos direitos? Por que observamos que eles nos afastam da mídia política e não nos deixam seguir tranquilamente o caminho igualitário e digno de bom comportamento de uma pessoa humana? Por que lutamos sem esperança e não podemos reconquistar o patrimônio perdido injustamente, afastando-nos de seguir o caminho sóbrio a fim de adquirir dos poderosos o trabalho equilibrado que enobrece o homem que possui bom comportamento humano? 

Respondemos com sinceridade: nós os cratenses, lutamos com coragem, portanto, protestamos junto às autoridades de Fortaleza, dizendo: Crato também merece um lugar ao sol. Queremos lutar, queremos justiça, queremos trabalho, queremos paz de espírito, com união de forças, clamando a todos para que juntos brademos com entusiasmo, com berros ensurdecedores, repetindo sempre, até chegar aos ouvidos dos nossos inimigos: deem ao Crato o que é do Crato, mas não deixem a cidade cair no esquecimento. Recordamos que em tempos passados, Crato possuía um prefeito de coragem, pois teve a bravura de preferir em altas vozes junto ao governador daquela época, discordando do péssimo tratamento que o Crato recebia. 

Infelizmente, não encontramos nos anais da política do Crato, um cidadão da estirpe do Dr. Humberto Macário, mas esperamos que em tempos futuros surjam outros líderes valentes, vibradores, cheios de energia, que tenham coragem de lutar em defesa do Crato, assim como lutou esse grande cidadão do passado. Vamos em frente, pois com fé em Deus haveremos de reconquistar o nosso patrimônio perdido.

sábado, 2 de abril de 2011

Entre a cegueira e a visão – Por Padre Virgílio Ciaccio

A cegueira é uma das mais terríveis limitações da vida. Mas nós também, ainda que tenhamos visão invejável, freqüentamos com assiduidade o mundo dos cegos.

Somos cegos quando não prestamos atenção na presença de Deus em nossa história e nos voltamos para interesses de pouca valia. Somos videntes quando sabemos perceber a passagem de Deus ao nosso lado, atendemos às suas propostas e cobranças e aceitamos com gratidão a salvação que ele nos traz.

Somos cegos quando nem tomamos conhecimento do nosso semelhante e, entre nós e ele, erguemos barreiras de cor, de classe social e de religião – de modo que ele não venha a cruzar o nosso caminho. Somos videntes na hora em que o aceitamos como companheiro de viagem e como irmão muito querido.

Somos cegos na hora em que fechamos olhos e coração ao sofrimento, às lágrimas e ao abandono de tantos excluídos condenados a morte prematura pela falta de remédios, alimentação e moradia. Somos videntes quando temos a coragem de entrar na tribulação e na tragédia deles; quando nos tornamos solidários com sua cruz e nos pomos a seu serviço, a fim de levantá-los e restituir-lhes a dignidade de filhos de Deus.

Somos cegos na hora em que jogamos nas costas dos outros a responsabilidade pelas coisas erradas que acontecem em nosso meio. Mas somos videntes quando admitimos a nossa injustiça, violência e dureza de coração e nos emendamos, com coragem, de nosso pecado.

Somos cegos quando nos julgamos dono da verdade e, roubando o lugar de Deus, lançamos sentenças de vida e de morte em cima do irmão que errou. Somos videntes quando do nosso irmão, ainda que pecador, nos fazemos defensores, lembrados de que a nossa luta deve ser contra o pecado, não contra o pecador.

Brilhe para nós um raio da luz de Cristo, a fim de que possamos andar sempre com o amor, a justiça e a verdade.

Por Padre Virgílio Ciaccio, SSP

Extraído do jornal “O Domingo” dia 04.04.2011. Postado por Carlos Eduardo Esmeraldo.

VERSOS E REVERSOS

Pedro Esmeraldo


Antes desejo comentar um artigo de um cidadão cratense (José Anísio de Oliveira), funcionário público, ex-integrante do antigo Departamento dos Correios e Telégrafos – DCT, que versou sobre o assunto do desenvolvimento das duas cidades do Cariri – Crato e Juazeiro  do Norte.

Dizia que o desenvolvimento do Juazeiro é mais acelerado e vibrátil porque aquela cidade foi beneficiada pelas instalações de duas emissoras de televisão e de duas emissoras de rádio difusora.
 
Por isso, assim dizia: “o Juazeiro sobrepujou o Crato na fase desenvolvimentista do século XXI”.
 
Discordo do amigo em alguns detalhes. Lembro-me de que desse acontecimento o Crato tinha tudo para dominar e portar-se com uma cidade líder da região centro-nordestina que são: poder político, liderança bem conceituada, trabalho sério e uma natureza favorável que se adaptava muito bem para expandir a agricultura através do plantio de cana-de-açúcar e algodão. O que ocorreu, porém, é que o rurícola cratense não possuía o manejo técnico desenvolver essas duas culturas de projeção agrícola pelo qual o agricultor cratense se perdeu quando houve a queda desses dois produtos e o cidadão permaneceu aparvalhado, quieto sem saber conduzir-se com perseverança em seu próprio trabalho.
 
Portanto, não soube aclimatar-se com o trabalho técnico, sem procurar adaptar-se aos novos métodos da agricultura moderna, ruiu-se depressa, desmoronou-se com um baque bem grande que fez tremer toda a zona rural do Cariri. Observa-se porém que os mesmos produtores permanecem apagados, perdidos, sem ter a honra de enfrentar com altivez todas as dificuldades que surgiram no correr do período administrativo.
 
Daí então, facilitou para que os astuciosos manobrassem com entusiasmo todo o patrimônio do Crato e arrebatassem tudo para si. Por sua vez, os políticos cratenses ficando cabisbaixos, deixando todos caírem de roldão. Não esboçou nenhuma reação, já que entregaram totalmente o Crato aos inimigos rancorosos, pois da penetração do homem político, aqui arrebatando os votos dos trouxas cratenses e que, sem possuir habilitação política, entregaram o Crato facilmente a esses abutres que têm como costume deixar a cidade marchando à toa, sem saber conduzir-se no caminho da perseverança e do trabalho com amor coragem.
 
Agora, devem se lembrar que aqui no Crato apareceram duas nações de pessoas: a nação dos políticos passados que entregaram a cidade a outra nação, denominada de “nação troglodita”, astuciosa, atoleimada, fanfarrônica, e muitas vezes intolerante em seu comando administrativo. Muitas e muitas vezes, pensavam que o mundo era deles e praticavam toda sorte de destempero administrativo. Praticavam medidas estapafúrdia e entregava a cidade aos abutres que por aqui surgiram.
 
Convém notar que entre essas duas nações encontram-se dois corpos que se repeliam entre si – cada qual procurava rastejar no escuro sem se entenderem.
 
Eis aí meu amigo, o que foi da vertiginosa queda do Crato. Até Logo.

Crato, 28 de março de 2011.